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sábado, 9 de março de 2013

Capíto 2 - 3ª parte


"Só posso estar ficando maluca, foi um sonho, apenas um sonho." 

Falei para mim mesma enquanto voltava a deitar. Embora quisesse retomar o sono, foi quase impossível. Mesmo que não tivesse sido nada, apenas um sonho estranho, ele não saía da minha cabeça. A mulher, sua aparência, seu olhar e principalmente, o que ela me disse. Voltar? Voltar para onde? Fiquei me perguntando até finalmente conciliar o sono.

— Devia ter escolhido o turno da tarde. - Observei na manhã seguinte enquanto tomava café. Mariana estava quase caindo por cima da xícara.

— É... eu acho que sim. Mas eu queria ter a tarde livre. - Concordou ela antes de um bocejo. - Mas e você? Por que está acordada tão cedo? Pensei que seu horário de entrar no trabalho fosse nove horas.

— Hum... é sim, mas não consegui dormir muito bem.

Expliquei olhando de soslaio para o relógio na parede que marcava sete horas. Não voltei a ter o sonho estranho, mas ele havia conseguido tirar a minha paz e atrapalhar bastante minha noite.

— Nossa, que azar. Dormir é tão bom... queria estar na minha cama. - Choramingou ela enquanto levantava-se. - Bem, vou indo. Não quero chegar atrasada no primeiro dia de aula.

— Tenha cuidado com aqueles trotes idiotas que os veteranos fazem pros calouros. - Avisei.

— Ah, pode deixar. Mas acho que o pessoal está pegando mais leve depois de tantos problemas com a polícia. Tchau.

— Boa aula. - Eu disse antes dela sair.

Fiquei na cozinha até minha hora de sair. Eu tentava não dar tanta atenção àquele sonho esquisito, mas ele voltava à minha mente como se por vontade própria. Eu era totalmente inclinada a dar atenção à essas coisas depois de ter a confirmação que um dos sonhos que tive, tinha mesmo sido real. O Caçador lembrando à Juan como havia sido o último encontro deles. Exatamente como em meu sonho.

"Ah... o Caçador... quem será você?"

Suspirei enquanto saía pela porta da frente. Aquele era um mistério que eu ainda queria desvendar, já que ainda estava claro para mim que muitas coisas ainda me estavam ocultas. Eu não sabia como desvendaria, mas simplesmente não conseguia deixar aquela história de lado. Como se eu também fizesse parte dela. Na verdade eu fazia parte dela sim, mas era como se eu estivesse envolvida de outra maneira. Muito mais conectada à tudo aquilo, do que queriam me contar.

Quando cheguei ao meu trabalho, as nuvens tomavam o céu escondendo o sol. Dei a volta e saí do estacionamento, queria fazer uma coisa. Iria entrar pela porta da frente, queria saber se tinha ficado algum trauma com relação ao que tinha acontecido no mês passado. Juan.

Assim que cheguei em frente ao prédio, a cena que eu já esperava voltou à minha mente. O carro escuro, o vampiro com minha prima do outro lado da calçada... senti um arrepio me percorrer ao olhar o lugar. Com um suspiro, decidi entrar e não pensar mais naquilo.

— Bom dia - Juliana disse com uma expressão estranha - Como foi a viagem?

— Bem mais curta do que eu queria... mas tenho que trabalhar.

— Hum... e falando nisso - ela me entregou uma pilha de pastas amarelas - tome.

— O que é isso? - Perguntei levemente alarmada.

— Presente da sua tia, ela quer que você leia tudo isso. Sabrina vai sair de férias e pelo que estou vendo... - Ela deixou no ar e eu arregalei os olhos com a dedução.

— Mas nem pensar! Não vou ficar no lugar dela de jeito algum, já estou toda enrolada com minhas funções e mais isso agora!

Reclamei segurando as pastas de forma desajeitada enquanto Juliana ria da minha possível desgraça. Coloquei a pilha na mesa e isso fez até um pequeno estrondo. Soltei um suspiro doído ao olhar todas as pendências que teria que resolver já por meu cargo administrativo, e ainda teria que conciliar com as loucuras de Savanah. O dia foi estafante, achei melhor tentar fazer tudo que estava programado, mas não consegui.

— Vai começar a ficar até depois da hora, Lavígnia? - Juliana perguntou entrando na minha sala.

— Quero entregar isso pra Savanah logo, assim ela me deixa em paz! - Respondi levantando a pasta azul que já continha cinco folhas do meu relatório de segurança. Juliana revirou os olhos.

— Coitada de você! Tem certeza que não vai ir na aula hoje?

— Tenho, diga ao Rodrigo que na quarta eu estarei lá. Prometo.

— Você que sabe... até amanhã então.

— Até.

Respondi antes de voltar a digitar. Talvez depois daquela tarefa, minha tia tirasse da cabeça a ideia ridícula de que eu assumiria seu cargo um dia. Mas aquilo estava muito chato, eu realmente esperava que não tivesse mais que fazer aquilo de novo. Como era acostumada no ano passado, voltei a sair do trabalho bem depois do pôr do sol. Estava escurecendo quando cheguei em casa.

— Nossa, onde você estava? - Mariana perguntou vindo da cozinha com um prato de batatas fritas na mão.

— Como assim onde eu estava? No trabalho claro! Sua mãe está me enlouquecendo. - Relatei indo para as escadas.

— Ela faz isso com todo mundo, por que acha que saí de casa?

— Pela primeira vez estou te dando razão. - Resmunguei antes de sair do raio de visão dela.

Eu estava exausta. Não só pelo trabalho bem mais exaustivo que de costume, mas também pelo fato de não ter dormido bem. Aquele sonho havia sido muito estranho e eu esperava não tê-lo mais. Depois de guardar minha bolsa fui tomar um banho bem demorado. Vesti uma roupa leve e fui para a cozinha atrás do meu jantar. Mariana me contou do seu primeiro dia de aula e em como acabou coberta de tinta e sendo obrigada pedir moedas para os carros, durante o trote universitário.

— Estou gostando de lá... mas a única coisa que ainda não estou achando nada boa, é ter que acordar cedo. - Reclamou ela enquanto estávamos na sala assistindo tevê.

— Então troca de turno, simples assim. - Fui prática.

— Não sei se vai dar... - ela suspirou - Lídia me contou que o Neit perguntou de você. Mariana mudou de assunto de uma hora pra outra e eu franzi as sobrancelhas.

— E o que é que tem? - Tentei ser indiferente.

— Ué... como assim o que é que tem? Ele se importa com você... - Disse ela meio mordida e eu maneei a cabeça.

— Eu sei que gosta dele Mariana, não se preocupe. O Neitan nunca vai ser mais para mim que um amigo. - Esclareci e ela deu de ombros.

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