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sábado, 2 de março de 2013

Capítulo 2 - 2ª parte


— Legal - disse Léo no fim da noite enquanto eu abria o portão - Quero ir junto na próxima, avise hein? - Falou se referindo a minha viagem.

— Pode deixar que eu aviso.

— Boa noite. - Disse Lídia passando por mim.

— Até a próxima. - Falou Léo, antes de entrar no carro.

— Tchau. - Mariana e eu dissemos em uníssono.

— Ai... - disse minha prima enquanto voltávamos pra casa - As aulas começam amanhã.

— E qual o problema? Pensei que estivesse ansiosa pela faculdade. - Falei, fechando a porta.

— E estou mas... acho que me acostumei em ter aqueles dois como colegas.

Choramingou ela e eu entendi tudo. Estava chateada em ter que se afastar dos amigos.

— Hum, mas eles já se formaram, né? - Disse lembrando da conversa na usina com Neitan no mês passado.

— Sim e vão voltar pra Bom Jesus de vez.

— Mesmo? - me admirei - Quando? - Indaguei enquanto subíamos as escadas.

— Acho que na semana que vem...

— Que pena... vou sentir falta deles. - Falei com sinceridade ao segurar a maçaneta da porta do meu quarto.

— E eu também... vou dormir cedo. As minhas aulas são de manhã, boa noite.

— Boa noite.

Respondi antes de entrar. Eu sabia que teria um dia estressante no trabalho, então era melhor dormir cedo. Savanah tinha enfiado na cabeça que eu deveria ler todos os processos e relatórios da área de segurança, e francamente, isso estava acabando comigo. Às vezes eu sentia vontade de abandonar tudo e sumir da cidade, talvez isso acontecesse pois eu sentia que estava em contagem regressiva para jogar tudo pro alto de vez.

Depois de escovar os dentes, desliguei a luz e fui para a cama. Era estranho, mas mesmo depois de passar quase o dia todo no avião, eu estava cansada. Então, não demorei muito para dormir com Néftis enrolada nos meus pés.

— Lavígnia. - Ouvi meu nome e me remexi sonolenta na cama. - Lavígnia.

Ouvi de novo e só então me dei conta de que não estava sonhando, alguém estava me chamando. Abri os olhos devagar e espiei por cima do meu ombro. Me sentei na cama encolhendo-me rapidamente contra a cabeceira. Em frente à minha cama estava alguém. Uma mulher de cabelos compridos e cacheados, usando uma roupa preta e colada ao corpo.

— Quem é você? Como entrou aqui?

Exigi totalmente apavorada. Mas ela não me respondeu, apenas continuava me olhando de forma estranha, distante.

— Você precisa voltar. - Ela disse eu eu prendi a respiração por um momento.

— Quem é você? Por que entrou aqui? - Exigi de novo mas era como se ela não me escutasse - Tudo bem, vou chamar a polícia.

Decidi me inclinando em direção ao criado mudo, afim de pegar o telefone sem fio. Porém, quando fui pegá-lo minha mão o atravessou como se ele fosse um holograma... ou eu.

— Ah minha nossa! - Me apavorei voltando a me encolher contra a cabeceira. A estranha ainda me olhava calma e placidamente. Seus olhos castanhos eram grandes e brilhantes.

— Você tem que voltar, Lavígnia. - Ela repetiu.

— Voltar? Voltar pra onde? Do que você está falando? - Indaguei meio ofegante. O que era aquilo afinal? Uma experiência sobrenatural?

— Volte... volte... - Ela repetia de forma fantasmagórica o que estava me apavorando mais.

— Pra onde você quer que eu volte? - Resolvi entrar no jogo sobrenatural.

— Volte...

Ela disse mais uma vez, então seu corpo foi se desvanecendo como fumaça e sumiu como um fantasma. 

Levantei tão rápido na cama que só abri meus olhos quando já estava sentada. Fiquei olhando para o escuro por vários minutos enquanto minha respiração se acalmava. Havia sido um sonho. Um sonho muito estranho, o que tinha sido aquilo? Foi tão real... quem seria aquela mulher? Fiquei me perguntando enquanto fitava o quarto vazio mergulhado na escuridão. Ela disse pra eu voltar, mas voltar para onde?

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