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quarta-feira, 20 de março de 2013

Capítulo 2 - última parte

Estava tão distraída quando cheguei em frente à minha casa, que só vi o carro do Neit quando quase bati nele. Até minhas habilidades ao volante tinham sido ligeiramente afetadas pelo encontro sobrenatural de há pouco. Com um suspiro, manobrei e consegui deixar o carro na frente da garagem. Assim que saí, pude ouvir vozes e risos. Sorri também, eu adorava ter vida e alegria ao redor e não sabia porque... queria ver Neitan. Tudo bem, eu admito, eu o considerava um bom amigo e o fato dele ter perdido os pais e se sentir responsável pelos irmãos nos aproximava.

A porta estava aberta, o que era raro, e assim que entrei descobri que estavam na piscina. Caminhei pela sala em direção à escada pois queria ficar sozinha e pensar no que eu tinha acabado de viver.

— Lavígnia. - A voz de Neitan soou atrás de mim e eu me virei.

— Olá. - Foi tudo que consegui falar enquanto ele vinha em minha direção em seu possível 1,85 de altura. Os olhos verde-esmeralda brilhavam com simpatia.

— Parece que não nos vemos há séculos. - Ele disse se inclinando para beijar meu rosto, mas acabou me abraçando com força em seus braços quentes e fortes.

— Que tal duas semanas? - Sugeri correspondendo o abraço que não durou muito mais.

— Pois é... não a vejo desde a festa da Mari.

— É mesmo, você sumiu. - Observei com uma leve acusação e ele coçou a cabeça.

— É que eu tive uns assuntos pra resolver em BJ e ainda tenho que ficar de olho nas crianças. - Brincou apontando pra trás com o polegar.

— Eu tô ouvindo, hein? - A voz de Léo soou fingindo irritação quando ele entrou na sala.

— Não é mesmo segredo pra ninguém que você dá tanto trabalho quanto uma criança, cara. - Neitan alfinetou o irmão que fez uma expressão de deboche.

— E aí Nia? Nossa, o que aconteceu? Você tá com cara de quem viu um fantasma.

Observou ele e eu levei a mão ao meu rosto gelado, fazia uma certa ideia de como devia estar minha expressão.

— Estou?

— Está sim – confirmou Léo – mas relaxa, mesmo pálida você fica uma gata.

— Obrigada, eu acho – disse incerta – é que eu tive um pequeno acidente de trânsito.

— Mesmo? Mas como você está? Está bem? - alarmou-se Neitan me olhando rapidamente de cima a baixo.

— Sim, estou. Não foi nada, só desviei de uma pessoa que apareceu do nada – literalmente do nada - e acabei subindo na calçada. - contei relembrando a cena estranha.

— Báh... bem que dizem que mulher no volante é perigo constante. - Provocou Léo e eu o olhei incrédula, mas que...

— Idiota! - Lídia completou dando um tapa na cabeça dele. - oi Lavígnia. - Ela sorriu pra mim.

— Como vai Lídia? - cumprimentei.

— Tinha que fazer isso? Foi só uma brincadeira! - protestou Léo.

— Uma brincadeira idiota e machista. Todo mundo sabe que as mulheres são melhores motoristas, somos mais cuidadosas e infinitamente mais atentas que vocês.

— Ah essa é boa! Quantas vezes você já bateu seu carro?

— Em todas as vezes que você estava ao meu lado me enchendo! - respondeu Lídia e eu ri.

— Já estão brigando? - Mariana surgiu na sala.

— E isso vai longe. - falou Neitan e eu pedi licença e subi para meu quarto.

Assim que entrei, tranquei a porta e corri para o banheiro. Olhei minha expressão assustada se refletindo no espelho. Minha expressão estava exatamente como Léo havia descrito; de quem viu um fantasma. Prendi os cabelos e me abaixei sobre a pia para lavar o rosto.

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