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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Halloween capítulo 4



                Capítulo 4

À meia noite e quinze minutos, Jamie, Mick, Murilo e Michele procuravam por Cindy na entrada de Black Water. 

—Tem certeza de que ela veio para cá? - Mick perguntou apontando sua lanterna para as árvores. 

—Claro que tenho! Ela disse que viria para cá e prometeu que não entraria na floresta. Jamie respondeu ligando pela terceira vez para o celular de Cindy, o que não adiantaria muito pois o mesmo havia sido jogado no rio Gray, por Eveline mas é claro que somente depois de desligá-lo. Depois do seu crime, haviam decidido passar parte da madrugada em St. Matthew, afim de usar isso como álibi caso a polícia os interrogasse. Assim que passaram pela ponte, Eve atirou o celular de Cindy para as profundas águas do rio Gray.

—Está desligado... oh meu Deus! Cindy onde você se meteu? - choramingou Jamie sentindo seu coração apertar. 

—Fique calma, Jamie, vamos encontrá-la. - Murilo a confortou. 

Mas suas buscas foram infrutíferas, e nenhum deles tinha coragem para entrar na floresta. Jamie tinha certeza de que a amiga não descumpriria sua promessa; Cindy não havia entrado em Black Water. Então voltaram para a cidade e a procuraram em todos os lugares que puderam; na escola, no centro, nas festas de rua e na casa de Cindy. Os pais dela se desesperaram e logo todos procuravam por Cindy sem saber que jamais a encontrariam. Na segunda-feira não se falava em outra coisa na escola que não; o desaparecimento de Cindy Lassier. 

Jamie havia conseguido autorização da direção da escola para espalhar cartazes de 'desaparecida' com a foto de Cindy e telefones para contato, por todos os lugares possíveis do prédio. Ela também havia os espalhado pela cidade toda e em companhia dos pais de Cindy e dos outros amigos, tinham ido até St. Matthew colar mais cartazes. Os únicos que não comentavam com ninguém sobre o 'desaparecimento' de Cindy, eram os responsáveis por sua morte. A polícia tinha interrogado vários alunos que a viram na noite em que ela sumira. Eveline, Paul, Kelly e Ben tinham combinado exatamente a mesma versão: viram Cindy Lassier quando saíam do mercadinho do pai dela e depois foram para St. Matthew onde ficaram até a metade da madrugada. 

As semanas foram se arrastando e sem nenhum pista do paradeiro de Cindy, os que a procuravam começaram a perder as esperanças. Mas Kelly Vaz, estava prestes a dar um fim naquelas buscas. Ela não suportava mais o peso em sua consciência e os sonhos que se repetiam quase todas as noites, sempre com a mesma cena: a morte e a ocultação do cadáver de Cindy. Com as mãos trêmulas, ela havia decido ligar para a polícia e confessar, segurava o celular enquanto fazia a ligação, atrás do ginásio da escola. 

—O que você está fazendo? - indagou Eve arrancando o celular da mão dela e ao ver o número da polícia, encerrou a ligação imediatamente. - Você está louca? O que pretendia? - perguntou irritada. 

—Não aguento mais viver com isso! Vou me entregar à polícia. - respondeu aos prantos quando os outros chegaram. 

—Nem pense nisso! Se você se entregar, todos nós teremos que explicar porque mentimos sobre onde estávamos naquela noite. E eu não vou me ferrar porque você é uma estúpida com crise de consciência! - rosnou Eve. 

—O quê? - os garotos perguntaram em uníssono. 

—Você está maluca, garota? - Paul gritou. 

—Ninguém aqui vai ser preso! - Ben a agarrou pelo braço e a fez ficar de pé – Se você nos entregar eu acabo com a sua raça, entendeu? 

A garota arregalou os olhos diante da reação agressiva e assassina do seu amigo. Pela primeira vez desde aquela noite, Kelly percebeu que aqueles não eram mais os seus amigos de infância, mas sim, três criminosos. Sendo que um deles estava disposto a matar de novo para não ser preso. 

—Entendeu? - ele repetiu gritando enquanto a sacudia. 

—Me solta! - Kelly gritou se desvencilhando dele com violência – Vocês são uns idiotas, podem ficar de bem com sua consciência pútrida, eu não vou entregar vocês. - completou os fitando com uma mistura de ódio com amargura. 

—Gente, por favor vamos ter calma – Eve pediu – sempre fomos ótimos amigos, não vamos deixar que o fantasma de Cindy Lassier fique entre a gente. - ao fim de suas palavras, todos ficaram em silêncio e evitavam se olhar. 

—Mas vai ficar! Ela vai ficar pra sempre entre nós... - sussurrou Kelly. 

—Sim, como um segredo nosso. Se descobrirem, todos nós vamos pra cadeia por uns trinta anos. - Paul argumentou – Você não quer ir pra faculdade, Kelly? Não quer ir a Paris? 

—Sim... - confirmou ela num sussurro. 

—Mas se você contar, nunca vai realizar nada disso. Escute, nós podemos conviver com isso – ele dizia em voz baixa – podemos guardar esse segredo e vivermos em paz, ok? 

—Por favor, Kelly? - pediu Eve suplicante. 

—Tudo bem... tudo bem. - ela concordou e Eve a abraçou. 

—Nós vamos conseguir, vamos conseguir – Ben repetiu passando as mãos pelos cabelos – Mas chega dessas cenas, alguém pode desconfiar e então estaremos encrencados. 

—Sim... esse assunto tem que morrer aqui, nunca mais tocaremos nesse assunto. Pacto? 

Paul propôs, estendendo a mão para a frente e todos colocaram a mão sobre a dele e concordaram. 

—Pacto! - todos repetiram e daquele dia em diante, levar a vida como se nada tivesse acontecido era a principal missão deles.


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