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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Capítulo 5 - 2ª parte


Duas despedidas em uma única noite? O que eu fiz para merecer aquilo?

— Sim, vou para a Romênia. Tenho algumas coisas pendentes por lá há muito tempo.

— E quanto tempo vai ficar lá? - perguntei e ele veio sentar-se ao meu lado.

— Não faço ideia... um mês no mínimo.

— Hã? - não pude acreditar, pelo menos um mês sem ele?


— Eu sei, também vou sentir demais a sua falta. Porém, é extremamente necessário que eu vá. - respondeu ele ao ler a emoção em meus olhos.

— É tão importante assim? - indaguei com minha voz embargando, ele tocou o meu rosto.

— Receio que sim.

— E quando vai? - perguntei o óbvio.

— Meu voo pra São Paulo sai daqui a uma hora.

— Uma hora?! Mas... por que me contou assim tão em cima da hora? - exigi, imaginando que se tivesse algum tempo pra me acostumar com a ideia, não doeria tanto.

— Me perdoe, as coisas tem se mostrado um tanto complicadas ultimamente.

— Não posso acreditar nisso... - sussurrei colocando ambas as mãos no rosto. Então Damian me puxou para seu colo.

— Não fique assim, um mês nem é tanto tempo. E eu prometo que vou ligar quando puder. - ele me consolou enquanto escorregava o indicador por meus lábios – agora, não quero passar esses últimos momentos com você assim.

— Mas... - tentei falar e ele me fez calar pressionando o dedo suavemente em minha boca.

— Shhh... palavras são inúteis quando atos são necessários. - ele piscou – quero um beijo de despedida.

— Odeio essa palavra! - falei emburrada e ele esboçou um sorriso – vai ser um beijo de até logo.

Corrigi e ele fez que sim, antes de nos entregarmos à um beijo profundo e cheio de emoção. Sua mão deslizou pelo meu pescoço até minha cintura, e eu o puxei mais para mim. Queria desfrutar daqueles momentos em seus braços como se não houvesse amanhã. Como para me certificar de que aquilo era mesmo real, ou mesmo, uma doce lembrança para suportar todos os dias sem ele.

— Amor... - ele sussurrou quando me afastei um pouco para respirar – se continuar me beijando desse jeito, não vou sair daqui hoje.

— Não quero que vá.... - sussurrei com meus lábios tocando de leve nos dele.

— Eu preciso. Mas volto pra você – ele prometeu antes de colar os lábios nos meus com força e sugá-los num selinho mais atrevido.

— Eu sei que sim. - concordei antes de me levantar.

— Tenho que ir agora.

Damian anunciou, e eu segurei o choro que ameaçava romper. Apenas fiz que sim e me atirei de novo em seus braços. Nos abraçamos com força, num momento que eu queria que durasse uma eternidade. Mas não durou. Ele olhou em meus olhos e segurou meu rosto entre suas mãos. Não consegui evitar que uma única lágrima escapasse, ela desceu por meu rosto. Então, Damian beijou meu rosto enxugando-a em seus lábios, enquanto eu fechava os olhos e aproveitava o delicioso instante, na agonia de mais uma dolorosa despedida. Embora lutasse para parecer firme, por dentro eu estava despedaçando. A partida dele seria, sem dúvida, o golpe que faltava para que eu desabasse de vez.

— Eu te amo. - sussurrei quando ele se afastou.

— Idem – ele disse sério – até a volta. - despediu-se.

— Tchau. - balbuciei prevendo que no momento que ele sumisse, eu cairia num choro copioso que exigia ser libertado, apertando meu peito, dando um nó na minha garganta.

— Tchau. - sua voz soou numa resposta sussurrada e logo, não estava mais ali.

Quando me vi sozinha na penumbra, onde o quarto não era banhado pela luz de prata da lua entrando pelas portas. Um terrível sentimento de vazio me tomou. A solidão espreitou em minha volta e, mesmo sabendo que minha prima estava no outro quarto e Lucas na guarita lá fora, me senti absolutamente sozinha. E como eu esperava, meu pranto se libertou sem me dar chance de tentar detê-lo. Sentei na cama e deixei que as lágrimas rolassem sem resistência. Na verdade, era como se aquele pranto não fosse só por Damian, mas uma pressão acumulada há tempos e que agora, saía.

Sem vontade de fazer mais nada além de me entregar ao choro, me atirei sobre a cama e abracei o ursinho. Apenas meu soluço abafado ecoava pelo quarto e isso e impulsionava mais ainda para ele. Depois de um tempo incalculável, devo ter adormecido. Na verdade eu sabia que estava dormindo, a prova disso, era a floresta escura em minha volta. Outro sonho ou pesadelo, logo eu descobriria.

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